Purim… E aí já reservou sua fantasia?

CHEGOU PURIM!

No dia 14 de Adar (este ano 23 e 24 de Março), nós judeus celebramos Purim. A palavra Purim é plural da palavra Pur, cujo significado é Sorte. Purim então, significa "sortes". Mas por que esta festa foi chamada por nossos Sábios como Chag Purim (Festa das Sortes)?

Na época do Grande Império Presa, nos dias do Rei Achashverosh (Xerxes), neste mesmo dia fomos libertos de mais um, dos muitos extermínios que homens ímpios tentaram contra nosso povo. Um homem perverso chamado de Haman (maldito seja), lançou Purim (sortes), para destruir e exterminar todo o povo judeu. Mas Hakadosh Baruch Hu (Sagrado, Bendito seja Ele), frustrou seus planos, e no dia em que aquele perverso marcou, para nos destruir, ele mesmo foi destruído. E para que não esqueçamos, dos feitos de Hashem por nós naqueles dias, nossos sábios instituíram que este dia fosse celebrado em todas as gerações como a festa de Purim, como está escrito:

"E, no duodécimo mês, que é o mês de Adar, no dia treze do mesmo mês em que chegou a palavra do rei e a sua ordem para se executar, no dia em que os inimigos dos judeus esperavam assenhorear-se deles, sucedeu o contrário, porque os judeus foram os que se assenhorearam dos que os odiavam. Ordenando-lhes que guardassem o dia catorze do mês de Adar, e o dia quinze do mesmo, todos os anos Como os dias em que os judeus tiveram repouso dos seus inimigos, e o mês que se lhes mudou de tristeza em alegria, e de luto em dia de festa, para que os fizessem dias de banquetes e de alegria, e de mandarem presentes uns aos outros, e dádivas aos pobres. E que estes dias seriam lembrados e guardados em cada geração, família, província e cidade, e que esses dias de Purim não fossem revogados entre os judeus, e que a memória deles nunca teria fim entre os de sua descendência" (Megilat Ester 9.1,21, 22,28).

Por isso nossa tradição, diz:

"Quando Adar chega, nós aumentamos a nossa alegria" (Taanit 29a).

Entre os muitos costumes de Chag Purim, existe o costume de fantasiar-se. Mas qual é o propósito deste costume?

Uma das mais profundas lições de Chag HaPurim, está no fato de que a Meguilá (Rolo), não contém nenhum dos nomes divinos. Na mentalidade judaica, quando os nomes do ETERNO aparecem nas Escrituras, enfatizam algum aspecto de sua personalidade revelada. Em outras palavras, seus nomes são como Ele se dá a conhecer ao Seu Povo. Sendo assim, a ausência do nome divino na Meguilat Ester (Rolo de Ester) indicaria que o ETERNO não se deu a conhecer em Purim? Ou ainda pior, estaria o ETERNO ausente dos eventos da Meguilá? Será que toda a libertação de Purim deveu-se simplesmente aos esforços naturais, de Mordechai e Ester? Estaria desta forma a Meguilá mostrando que nosso povo em Shushan estava entregue a sua própria sorte?
É claro que não! Não estávamos entregues a nossa própria sorte! Pelo contrário, Hakadosh Baruch Hu, estava escondido (fantasiado) dentro dos eventos naturais, que ocorreram em Purim. E por meio dos eventos naturais, ou mesmo do "acaso", podemos ver a Sua mão. como diz o Talmud:

"Onde nós vemos uma alusão a Ester na Torá? O versículo diz: "E Eu certamente esconderei o Meu rosto naquele dia" (Devarim 31:18). "Eu esconderei" em Hebraico é Astir, que é da mesma raiz da palavra Ester" (Chulin 139b).

Pensem comigo!

Será que foi por acaso que uma judia foi escolhida como rainha pelo rei Achasverosh?

Será que foi o acaso, que Mordechai pediu para que ela ocultasse a sua identidade?

Será que foi por acaso que Haman, entrou nos aposentos do rei, bem na hora em que o rei pensava em honrar Mordechai?

Será que foi por acaso que o suspense que o rei fez sobre a identidade de quem ele queria honrar?

Com certeza não foi por mero acaso! O ETERNO estava disfarçado através do ''acaso, oculto, guiando a história do nosso povo!

Para algumas pessoas, quando se fala da ação do Criador, imediatamente se pensa em algo sobrenatural. Somos muitas vezes acostumados a ver o ETERNO, só dentro de uma visão transcendente, e esquecemos que o natural também é parte do sobrenatural. Que a unidade divina, está em tudo, e em todos, como ensina Rav Shaul HaShaliach:

"Um só Elohim e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e está em todos" (Ef 4.6).

Portanto fantasiar-se em Purim, ajuda-nos a reconhecer que assim como uma fantasia oculta a verdadeira identidade de uma pessoa, assim também, os eventos aparentemente naturais em nossas vidas, são ocultações das ações do ETERNO. Ou seja, os eventos naturais são fantasias das ações divinas.

O ETERNO é o nosso acaso! Ele é a nossa sorte! E mesmo nas consequências de nossos pecados (como nosso povo, em Shushan), ele não nos abandona! Pelo contrário, ele se mantém fiel à aliança firmada com nossos pais.

O hebraico nos ajuda a compreender melhor o que foi dito até aqui.

Em Purim lemos a Meguilat Ester, o Rolo do Livro de Ester. E como foi dito acima, a Meguilá não contém o nome divino. A Palavra Meguilat (מגילת) tem como raiz, o verbo Legalot (לגלות), que significa Descobrir, Revelar, etc. Já o nome Ester (אסתר) vem de Seter (סתר), que significa Segrego, Oculto, ou Escondido. Em hebraico para dizer Ocultar dizemos Lehastir (להסתתר). Portanto, Meguilat Ester poderia ser lido como: Descobrir o que está Oculto. Convido a todos a estudar e viver Purim para descobrir Àquele que está oculto nos pequenos eventos de nossas vidas.

CHAG PURIM SAMEACH!!!
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