Como proceder após irmos a um velório?

Então, vamos por parte Felipe.

A Torá trabalha a questão de como devemos nos portar diante de todas as situações, incluindo a morte. Nesse caso, temos as mitzvot de tumá e tahará. Erroneamente traduzidas como “sujo” e “limpo”, ou “impuro” e “puro”. O grande problema surge de um mal-entendido fundamental. Tumá e Tahará não são estados físicos e sim espirituais. E portanto, não se trata de sujeira, impurezas físicas, que poderiam ser facilmente laváveis com água e sabão.

As leis de Tumá e Tahará pertencem à categoria de mandamentos conhecidos como chukim, que são “decretos” Divinos que estão acima da lógica e da razão, como as leis contra o roubo e o assassinato por exemplo. Mas isso não quer dizer que não possamos compreendê-los, e sim que estão acima da razão. Exatamente por serem mandamentos de nível espiritual tão elevado, que afetam uma parte elevada da nossa existência (neshamá), uma parte que transcende a nossa razão.

A impureza do cadáver é um estado de impureza ritual descrito na Torá (Números/Bamidbar 19:11-16; 31:19), e é considerado o mais alto grau de Tumá. Segundo a Torá, este estado de impureza espiritual é contraída por ter tocado, carregado, de forma direta ou indireta, um corpo humano morto, ou depois de ter entrado em uma casa ou câmara coberta onde um cadáver está deitado.

Há um consenso de que não é proibido se impurificar com um cadáver. Após a destruição do Segundo Templo, o status de Tumá deixou de ter consequências práticas, com exceção de niddah (menstruação), zav/zavah (emissão de sêmem), e regras que proíbem tornar um Kohen impuro. Estas regras ainda são praticadas na maoria dos Movimentos judaicos.

No caso da Tumá por um cadáver, também há um consenso de que todos possuam esse tipo de impureza, visto que em algum momento da vida, ou tocou um cadáver, ou foi tocado por alguém que estava em estado de Tumá por um cadáver.

E como a Tumá causada pelos mortos é considerada o grau máximo de impureza espiritual, ela não pode ser purificada apenas pelas águas de uma ablução (mikvê). A Tumá do cadáver humano requer um período de sete dias, acompanhado de purificação através da aspersão das cinzas da Parah Adumah, a novilha vermelha (Veja Bamidbar 19). Porém, essaa lei atualmente está inativa, visto que nem o Templo em Jerusalém nem a novilha vermelha existem atualmente.

Mas há questões práticas nesse caso, que precisamos levar em consideração:
  1. Se puder evitar tocar em um cadáver, evite!
  2. Se ainda assim for necessário, lave devidamente as mãos após isso!
  3. Quando voltar para casa, retire as roupas e sapatos antes de entrar em casa, e coloque-as para lavar.
  4. Tome um banho!
  5. Se for possível, estabeleça um ciclo de 7 dias, onde você comparecerá a um Mikvê natural ou artificial no 3º e no sétimo dia para imergir-se, fazendo orações prévias que demonstrem sua intenção de restaurar a pureza.
  6. Acho que são costumes bem acertados. Eu os sigo, apesar de ter ido ao cemitério apenas 1 vez em minha vida.
Sobre orações... Existem muitos costumes! O mais tradicional é que quando um membro da família falece, reza-se o kadish por pelo menos 1 ano todos os dias.

A oração não é pelo morto em si, mas para que o enlutado internalize a soberania divina sobre a vida e sobre a morte. Por isso é chamado de "Kadish dos enlutados".
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